Por que a comunidade corporativa precisa estar no planejamento estratégico

Durante anos, comunidades corporativas foram tratadas como iniciativas de engajamento, comunicação ou marketing. Importantes, sim. Estratégicas, nem sempre. Na maior parte das organizações, ficaram posicionadas como apoio operacional, e não como parte da estrutura de decisão do negócio.

Esse modelo já não responde aos desafios atuais.

Quando comunidades corporativas são tratadas apenas como iniciativas de engajamento, o impacto que elas podem gerar no negócio é naturalmente limitado. No momento em que crescimento, eficiência, inovação e retenção precisam acontecer de forma integrada, a comunidade passa a ser uma decisão estrutural, não operacional.
— Carolina Ferreguete | COO Global Touch

Organizações que entram em ciclos mais complexos de crescimento precisam lidar, ao mesmo tempo, com eficiência operacional, retenção de talentos, inovação contínua e geração de valor sustentável. Esses temas não vivem mais em silos. Eles se sobrepõem, se tensionam e exigem coordenação.

É nesse contexto que a comunidade passa a ocupar outro lugar. Não como ação isolada, mas como um sistema contínuo que organiza relações, estrutura fluxos de conhecimento e gera dados relevantes para a tomada de decisão.

Comunidade não resolve um único problema. Ela conecta vários.

Quando bem estruturada, a comunidade corporativa atua de forma transversal sobre desafios centrais do negócio. Isso já é visível em diferentes frentes.

Crescimento e relacionamento com clientes

Pesquisas da Gartner mostram que o crescimento a partir da base de clientes se tornou prioridade para lideranças em diferentes setores. Comunidades fortalecem retenção, expansão, adoção e advocacy ao criar valor contínuo entre pares. O resultado é menor dependência de ações comerciais puramente transacionais e maior construção de relacionamento ao longo do tempo.

Retenção e engajamento de talentos

Estudos da Deloitte e da McKinsey apontam pertencimento, aprendizado contínuo e conexão entre pares como fatores decisivos para retenção e performance. Comunidades internas e híbridas permitem estruturar esses elementos de forma escalável, indo além de iniciativas pontuais de RH que perdem força rapidamente.

Inovação orientada pelo ecossistema

A McKinsey também destaca que organizações que inovam junto com clientes, parceiros e colaboradores conseguem ciclos mais rápidos e soluções mais aderentes ao mercado. Comunidades funcionam como canais permanentes de escuta, co-criação e validação. Na prática, reduzem risco, retrabalho e desperdício em processos de inovação.

Melhoria contínua e eficiência operacional

Relatórios da Gartner e benchmarks da Higher Logic mostram que comunidades bem geridas reduzem custos operacionais, aceleram onboarding e transformam conhecimento disperso em ativos organizacionais. O ganho não está apenas em eficiência, mas também em velocidade e qualidade da decisão.

O erro mais comum: tratar comunidade como iniciativa tática

O problema não é criar uma comunidade. O problema é não decidir, de forma estratégica, qual papel ela ocupa no negócio.

Quando a comunidade não está no planejamento estratégico, o padrão se repete. Ações pontuais, pouca continuidade, métricas frágeis, dados espalhados em diferentes ferramentas e dificuldade crescente de justificar investimentos quando o orçamento aperta.

Em organizações mais maduras, o cenário é outro. A comunidade é tratada como um ativo vivo. Existe governança clara, cadência bem definida, conexão direta com prioridades estratégicas e indicadores executivos que permitem acompanhar impacto, evolução e geração de valor ao longo do tempo.

As perguntas certas para o planejamento de 2026

Antes de falar em ferramentas, plataformas ou formatos, a discussão precisa começar em outro nível.

  • Qual problema relevante do negócio essa comunidade ajuda a resolver?

  • Como ela se conecta às prioridades estratégicas da organização, e não apenas aos objetivos de uma área específica?

  • Quais indicadores executivos demonstram, de forma consistente, o impacto dessa comunidade ao longo do tempo?

Essas perguntas mudam completamente o lugar da comunidade dentro da organização. Ela deixa de ser “mais um canal” e passa a fazer parte da arquitetura estratégica.

Comunidade é uma decisão estratégica. E decisões estratégicas não se tomam sozinhas.

Estruturar uma comunidade corporativa que realmente gere valor envolve estratégia, cultura, governança e dados. Não é trivial. E tampouco intuitivo.

Por isso, cada vez mais organizações têm buscado apoio especializado para avaliar o papel da comunidade no próximo ciclo estratégico e desenhar um caminho claro de evolução, com priorização, métricas e impacto real no negócio.

Se a sua organização está olhando para 2026 e percebe que a comunidade pode ocupar um papel mais estratégico do que ocupa hoje, talvez este seja o momento certo para aprofundar essa conversa.